terça-feira, 3 de fevereiro de 2009

O Turismo cultural e o desenvolvimento sustentado da região alentejana

O Alentejo sofre de um atraso estrutural manchado de defeitos sectoriais que em 30 anos de democracia nenhum poder conseguiu solucionar.
Só a imprudência demagógica e a falta de respeito pelos alentejanos de alguns políticos, permite que de quando em vez raie um pequeno laivo de esperança nos rostos calcinados das gentes desta negligenciada terra. Surge uma esperança de quando em vez, mas logo se apaga a chama do acreditar, porque no concreto, o tempo se escoa e o Alentejo permanece imutável. É esta rotina sem futuro que obriga à partida dos mais novos. Uma partida quase sempre marcada pela ânsia individual de fecundar a riqueza que o seu chão lhe negou numa aspereza quase madrasta. Partem e ficam. Ficam e esquecem. E pouco a pouco o calor das recordações esboroa-se no escano da casa paterna que já é quase ruína.
Os mais cépticos clamam que o Alentejo não tem solução. Os mais optimistas lutam e lutam e lutam, até tontearem num redemoinho de acções ou de gestos com frugal significado.
A realidade do atraso estrutural do Alentejo deve-se a uma única causa: o poder local.
Durante 30 anos não houve um só político capaz de enquadrar devidamente os mecanismos que estão instituídos legalmente. A política local pautou-se e pauta-se por interesses de promoção pessoal, por interesses pessoais de brilhantismo político, ou por submissões ridículas aos aparelhos partidários, e esqueceu-se da realidade de um mundo que foi esmorecendo ao ritmo do descuido dos sucessivos governos centrais.
O Alentejo é hoje uma região triste, pobre e com pouco motivo para a esperança.
No Alentejo tudo falha, ou pelo menos tudo falhou.
De vez em quando repetem-se alguns discursos, que só servem para alentar o desalento de quem já perdeu o sortilégio do acreditar. Fala-se na rendibilidade de alguns sectores económicos. Mas quais? A agricultura? Mas já não está mais do que confirmada a falência agrícola do Alentejo? As quotas de produção impostas de forma fria e calculista pelos parceiros europeus destruíram a agricultura da nossa e de outras regiões portuguesas. Porquê andar então a trautear sempre o mesmo fado? Há, efectivamente, alguns produtos agrícolas com futuro, como por exemplo os vinhos, o azeite, a cortiça e as madeiras. Mas que incentivos, que políticas ministeriais estão a ser adoptadas para dinamizar essa produção numa escala de mercado que permita a competição em mercados internacionais? Que incentivos existem para a fixação de jovens agricultores? A agricultura alentejana é hoje um sector de actividade ocupado por uma faixa etária envelhecida, assente numa base de sustentabilidade que depende exclusivamente dos financiamentos pagos para não produzir. E no que concerne aos produtos tradicionais, a história é a mesma. Não haverá qualquer projecto de sucesso, enquanto preliminarmente não se incutir na mentalidade das pessoas os benefícios do associativismo.
Relativamente à indústria, nem é preciso falar. O Alentejo não é, devido ao seu encravamento geográfico, uma região que atraia investimentos de vulto, e ainda menos em ramos que necessitem de mão-de-obra especializada.
A economia mundial tem passado por vários ciclos de dinamização, onde surgem sectores que emergem como vertentes de ponta, sectores capazes de criarem riqueza e dinamizarem de forma categórica regiões países ou mesmo continentes.
Desde os finais do século XX que o turismo se está a impor como um sector charneira da economia mundial. A nível nacional têm-se acompanhado de forma defeituosa essa evolução, tendo-se apostado desde os anos sessenta do século XX apenas num turismo de sol e de praia.
Os números do turismo a nível mundial passaram de 180 milhões em 1971 para 600 milhões em 1996 e a Organização Mundial do Turismo prevê que o turismo internacional aumente 4% ao ano e que em 2010 chegue aos 970 milhões de turistas. O conceito de turismo foi-se alterando ao longo da última década, e hoje dispersa-se por várias actividades que ocupam e preenchem formas diversificadas de lazer do ser humano. Um dos conceitos mais recentes é o conceito de turismo Cultural. Ora tal actividade requer, cada vez mais, uma filosofia de sustentabilidade que se baseie no respeito e na preservação a longo termo dos recursos naturais, culturais e sociais e contribua de forma positiva e equilibrada para o desenvolvimento económico e para melhoria das condições de vida dos indivíduos que vivem, trabalham ou descansam nos espaços alvo desse turismo.
O Alentejo reúne um conjunto de sinergias fulcrais e indiscutivelmente possibilitadoras do incremento sustentável dessa actividade. Exemplos disso são a hospitalidade dos alentejanos, a riqueza do seu património histórico, arqueológico e cultural; a existência de um parque temático de vulto mundial como é o caso do Fluviário de Mora; a qualidade do património ambiental e natural; a existência de Évora Património da Humanidade como Paisagem Cultural Evolutiva e Viva; ou a existência de parques naturais como o de Castelo de Vide e a Barragem do Alqueva.
Estes são apenas alguns dos exemplos mais emblemáticos. Mas se descermos a uma escala de circunscrição concelhia, os valores e recursos poderão ser multiplicados em conformidade com as potencialidades e características de cada aldeia e a criatividade dos “agentes investidores” e dos poderes políticos instituídos.
O turismo cultural é, no caso do Alentejo, uma potencialidade que só levará a um desenvolvimento sustentado e com repercussões positivas na economia local e na melhoria das condições de vida dos seus habitantes.
Contudo, não se incrementa uma actividade sectorial ou de “ponta” a partir do nada!
Por detrás de uma política de desenvolvimento local deverá estar um conjunto de investimentos estruturantes que criem condições à implementação de determinada actividade; uma estrutura técnica competente, e o fomento de incentivos para a fixação de jovens capazes de dinamizarem tal actividade.
Ora essa não é a preocupação da maioria dos nossos autarcas. Empenhados na conquista de um populismo que lhes garanta a reeleição, esquecem-se, ou simplesmente ignoram, as consequências positivas que o incremento ou a aposta no turismo cultural poderia ter, se pensado e enquadrado como pólo dinamizador da sociedade e da economia regional. E é talvez por tal negligência ou esquecimento que esta terra inteira permanece velha. Tão velha, sulcada e solitária como as rugas dos rostos da gente que teima em permanecer na minha aldeia.

Maus governos, assessores e os tachos

É um lugar comum, dizer-se que somos um povo de brandos costumes. As pessoas não refilam, não protestam, acomodam-se facilmente. Não pretendo justificar coisa nenhuma, mas o povo português sempre foi amordaçado pelo chicote da repressão ou pela árdua tarefa de reconstruir o que maus governos destruíram gratuita e impunemente. Talvez por isso, seja frequente ouvir dizer-se que a política é para os políticos. Não entendo assim. A política, como actividade nobre de governo de um país, região ou cidade, deve ser para todos e todos devem ser chamados, não só para votar, mas também, para seguirem atentamente o rumo que o acto da governação vai levando, não de forma passiva, mas com espírito crítico e, porque não, polémico. Por outro lado, o governante, se é inteligente, saberá ler a crítica com humildade e elevação, não só para não ter dissabores, mas sobretudo para daí retirar os necessários ensinamentos. Sendo assim, é dever cívico do cidadão participar activamente na vida política do concelho e do país.

Sobre a desorganização que reina no nosso país. A avaliação de professores, a falta de médicos, a crise, e o consequente aumento de desemprego em Portugal e claro está as cunhas e os tachos.

Nada me move contra as pessoas e muito menos contra quem procura desesperadamente emprego. Todos temos legitimidade para exigir do governo do nosso país a criação de postos de trabalho para todos. Entendo a ansiedade do pai ou mãe que tem de dar de comer aos filhos, ou de um jovem licenciado que quer cumprir o sonho de fazer o que gosta. A questão é de forma, não se pode criar um lugar à medida da pessoa, têm de se encontrar as pessoas adequadas para preencher os lugares necessários para desenvolver o seu concelho e o nosso amado país. Aqui o princípio foi subvertido. Por isso temos de perguntar para que servem vários lugares que em vez de serem complementares são contraditórios e demonstram que os nossos governantes têm "mais olhos que barriga". Esta política vai contra todos os princípios de cooperação com outras instituições e contra a filosofia de desconcentração de serviços que uma gestão moderna e eficiente exige.

Alguém me explica por que raio e para que se gasta tanto com assessores no governo e nas câmaras se temos quadros técnicos nos organismos públicos que podem e devem prestar estes serviços gratuitamente? Não é para ajudarem os detentores dos cargos políticos a estarem informados? Ou também se contrataram a olho uns assessores amigos da mesma cor partidária?

Fico-me pelo pensamento inicial: que ninguém se iniba de perguntar. Como diz o ditado "perguntar não ofende", podem não nos responder, mas com certeza que não nos batem. Por mim vou continuar preocupado e a questionar sobre o rumo que as coisas vão levando neste nosso país sem rumo.

quinta-feira, 28 de agosto de 2008

Bate-me o coração mais forte quando

Bate-me o coração mais forte quando:

Vejo injustiças;
Vejo desrespeito pelos mais velhos;
Vejo maltratar velhos e crianças;
Vejo falsos coitadinhos;
Quando vejo o Sporting ganhar :)